
"Não me roube a solidão sem antes me oferecer verdadeira companhia."
A frase acima, do filósofo alemão Friedrich Nietzsche, remete a uma visão amarga, porém verdadeira, da vida.
Já comentei neste blog sobre o fato de os seres humanos modernos buscarem um isolamento cada vez maior, pontilhado por relacionamentos "virtuais" via internet e nos quais cada um se sente seguro em sua solidão. Sob esse ponto de vista, o isolamento representa segurança, já que evita que a vindoura decepção com nossos irmãos humanos venha (e ela vem, cedo ou tarde, à medida que conhecemos alguém a fundo).
Nietzsche previu esse cenário no século XIX, época em que, longe da internet, a grande revolução na comunicação era o telégrafo. Mesmo assim, visionários (e gênios) como Nietzsche vislumbraram um futuro negro para a humanidade. Um futuro em que seremos seres vivendo numa sociedade pontilhada por núcleos de organismos unicelulares, cada qual fechado em seu mundinho, vivendo de laços efêmeros que teriam o único objetivo de assegurar recursos para nossa sobrevivência. Por exemplo, relações profissionais e raros momentos em espaços de convivência doméstica.
Se Nietzsche estiver certo - se o homem caminha a passos largos para esse status social - resta-nos cultivar urgentemente o que há de mais animal em nós. Sim, de mais animal! Porque animais vivem em sociedade, compartilham momentos, organizam-se da forma mais simples à mais complexa. É nosso lado humano que nos provoca isolamento.
À frase de Nietzsche, acrescento outra: quanto mais conheço o ser humano, mais gosto do meu cachorro.