quarta-feira, 12 de maio de 2010

Aniversário


Poucas coisas me irritam tanto como o dia do meu aniversário.
Desde que me dou por gente, 12 de maio é um dia repleto de angústias - isto, sem falar na véspera, 11, dia em que desejava desaparecer.
Até hoje a terapia freudiana não me deu respostas para meu horror ao dia 12 de maio, data que me fez cair na Terra como taurino típico.
Tentei listar alguns motivos, não sei se rolam:

1. Era no dia 12 que minha família se reunia em casa e meus queridos brinquedos, que faziam companhia a este filho único aqui, eram revirados;
2. Também era nesse dia que minha mãe, contra minha vontade e insistência, convidava amigos da escola e professores para irem em casa;
3. Como numa afronta à minha timidez, também era no dia 12 que, uma vez minha casa repleta de amigos e professores, meu álbum de fotografia era aberto a Deus e o mundo;
4. Nesse álbum, cultivado com carinho e dedicação por minha mãe desde meu primeiro dia de vida, estão alguns exemplos vergonhosos de meus "piores momentos", como uma foto minha nu na banheira de plástico, outra vestido de médico, outra engatinhando com uma fralda que parecia pesar 3x meu peso na época;
5. Depois, vinha o parabéns a você e o fatídico "Com quem será". Tirando o fato de o par escolhido para mim ser sempre a menina menos popular da classe, tornar-me o centro das atenções já era motivo suficiente para me enfiar sob a mesa e rejeitar qualquer pedaço de bolo.

Agora, revendo esses fatos, pergunto-me qual a relação com o Paulo de hoje. Não sei. Completo 33 anos mas a criança dentro de mim continua viva. E ela ainda odeia aniversários.

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